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Leme: um comando estático



Quando aprendemos a voar, nos ensinam que curva se faz utilizando apenas aileron e profundor; e o leme serviria apenas para direcionar o modelo em solo, o que no caso nem função do leme seria, e sim da bequilha (para baixas velocidades). Mas será que o leme é enfeite mesmo? Este artigo vai tratar da importância do leme em voo e como faz para aprender a usá-lo. 






A introdução do texto não é uma crítica definitiva aos instrutores, na base de tudo não é para se utilizar leme mesmo, pois dificulta em muito a aprendizagem. Porém, o que deveria ser repassado é: agora no início você deixa o leme quieto, mas daqui alguns meses ele será mais um comando de fundamental importância. 

Diferente do profundor e do aileron, o leme – na esmagadora maioria dos aeromodelos – não é um comando simétrico, ou seja, ele não faz o aeromodelo girar apenas no eixo desejado (leia sobre aerodinâmica básica aqui), o vertical, ele afeta os três eixos de voo. E isso faz dele um comando diferente, pois para responder da maneira desejada é necessário compensar com aileron e profundor. 

Uma curva de leme nunca é feita apenas com leme, e sim com “pé e mão” - jargão aeronáutico para dizer que a manobra é feita utilizando os pedais do leme e o manche (aileron e profundor) ao mesmo tempo. E o que isso quer dizer? É um comando mais complexo do que apenas dar aileron e cabrar. Uma curva com leme é feita de: leme para o lado da curva, aileron para o lado oposto, e profundor cabrado. A dificuldade está em dosar os três comandos para que o modelo não suba, não desça, e faça um movimento suave. 

Não quero dizer que é impossível de se conseguir, muito pelo contrário, depois de alguns treinos passa a ser automático. Mas para alguém que mal sabe pousar é extremamente complicado, e por isso que não é ensinado durante as instruções. E por não ser ensinado, a maioria dos pilotos passa a não utilizar. 






Recentemente a engrenagem do servo do meu leme quebrou na pista, como queria voar aquele modelo, desliguei o servo do receptor e deixei o leme em neutro [ou quase isto]. E fui voar, minha primeira dificuldade foi para taxiar sem bequilha, tive que decolar com muita atenção pro modelo não sair da pista. Segundo, o voo ficou muito estranho, pois utilizo o leme praticamente a todo instante, e não tê-lo passa uma impressão de que o modelo não está comandando como você gostaria. Resultado: fiz um voo e guardei o modelo, pois estava voando “mal”. 

Devemos lembrar também que alguns aeromodelos não fazem curva sem leme ao menos que você coloque-o praticamente na faca. Um bom exemplo são os shock flyers F3P, feitos para acrobacias de precisão indoor. Por terem a cauda longa e grande área lateral, é praticamente impossível vira-lo sem o uso do leme. 

Além de que o leme se torna uma ferramenta básica quando falamos de acrobacia, seja ela 3D ou de precisão. Nenhum Extra faz sequer um looping ou um hover perfeito sem o uso do leme, é inimaginável. 

Depois que se utiliza o leme você não consegue ficar sem. Sabe aquele pouso que você vem balançando a asa de um lado para o outro com o aileron por que o avião está saindo da pista? É resolvido com leme! Em vez de utilizar o aileron para trazê-lo para a pista, você da um leve comando de leme, e quase que imperceptivelmente ele está na direção correta novamente. O pouso fica muito mais bonito e estável, parece que o piloto realmente domina a máquina. 

Mas... Um pouso com leme apenas deve ser tentado após o total domínio do comando em voo. Caso contrário o susto pode e deverá ser grande. E minha dica para isso é: comece devagar e alto. 

O primeiro passo é entender como ele funciona, e para isso é muito simples: dê leme e observe o que seu avião faz. Provavelmente ele vai rolar para o lado comandado e perder um pouco de altura. Vendo isso você só precisa dar os comandos contrários para que isso seja compensado (aileron e profundo). Pronto, você já anulou os efeitos colaterais do leme. 

Sua aplicação na curva é mais fácil ainda, pois como ela é um equilíbrio dinâmico, você pode ir alterando as compensações para que o avião faça o trajeto desejado. Entre na curva com um pouco de aileron e leme logo em seguida. Veja qual é o movimento contrário que seu modelo está fazendo e compense. Lembre-se que uma bela curva é feita com a asa um pouco inclinada, e não no nível do horizonte. Se você deixar a asa nivelada o modelo fará uma “curva chata”, derrapando. 

Não há um bom piloto, e nem mesmo um domínio total do modelo sem o uso do leme. Ele pode parecer difícil, mas depois que começar a usar ele será seu melhor amigo, tenha certeza. Já fui muito satirizado com isso, mas além de usar, é muito importante trimar corretamente o leme, o que é feito por poucos pilotos. Um leme destrimado trava as curvas e obriga o piloto a usar ainda mais comando para virar, além, é claro, de deixar o avião com tendências. 


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Ainda não usa o leme? É uma boa tarefa para treinar no próximo voo. Caso ainda tenha alguma dúvida, deixe seu comentário aqui embaixo.



1 comentários:

  1. É bem isso! No começo eu não utilizava lemes, e agora percebo o quanto eles são essenciais. Para planadores, então, nem se fala...
    Ótimo post!

    ResponderExcluir

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