Toda construção
parece simples. Primeiro, escolhe-se o material, que pode ser balsa, depron e
isopor. Em seguida, é preciso encontrar uma planta. Mas agora, o que era
simples começa a ficar um pouco mais complexo. Existem diferentes plantas para
um mesmo aeromodelo. Determinadas
plantas são detalhadas, cheia de informações. Outras nem tanto. As mais
detalhadas são as mais raras, mas existem.
Basta uma consulta na
internet que será possível encontrar diferentes plantas para o mesmo
aeromodelo. Na comparação entre as plantas, você certamente descobrirá as
vantagens e desvantagens de cada uma. Em determinados casos, você precisará
improvisar, criar partes que não estavam na planta, ou redimensionar. Os
próprios sites alertam que as plantas disponíveis podem apresentar falhas. Uma
dica conhecida entre os aeromodelistas é: estude muito a planta, imagine todas
as peças, como elas encaixam, o que precisa, o que faltaria. Obviamente você
pode pegar uma planta e já começar a fazer as peças, porém, se algo não for
planejado, todo o trabalho será jogado fora, ou terá que refazer alguns passos.
Começou a ficar complexo? Calma, vai ficar um
pouco mais.
Escolhida a planta, é
possível fazer várias modificações. Aqui considero que se tenha o mínimo
conhecimento de construção. É recomendável seguir uma planta conhecida do que
modifica-la. Mas vamos agora modificar, vamos adicionar novos elementos. O que
ocorre?
Primeiramente, é
interessante escolher a forma de construção. Se for balsa, o modelo será
varetado ou chapeado? A questão aqui aparece no mesmo caso quando se pretende
fazer uma asa: você pode fazer ela com depron e estruturada, ou cortar a asa no
isopor, assim como também é possível fazer a asa estruturada com balsa, ou
estruturada e chapeada. As opções são muitas. A planta é a mesma, caberia a
você decidir. Porem, a decisão envolve outros fatores, nem sempre é uma escolha
simples. Um modelo como Fokker DRI ou DVII escala exigiria uma asa em balsa
estruturada, pois ficaria mais escala, dado que seria possível ver as marcas das
nervuras depois da entelagem. Caso se faça uma asa cortada no isopor, os
detalhes das nervuras se perdem. Mas veja: este caso é especifico, pois a
construção seguiria um modelo escala.
O tipo de construção
também envolve a escolha da forma pela qual se pretende entelar o aeromodelo.
Fica difícil imaginar a pintura de uma fuselagem estruturada. Por outro lado,
uma fuselagem chapeada, caso se pretenda entelar, agregaria peso, pois além do
material de entelagem, teria o peso da folha de balsa. Obviamente isso não é regra, pois também é
mais fácil entelar uma fuselagem chapeada e o peso adicionado com chapeamento
não é tão grande. Como ficará claro neste texto, “tudo depende do que você
quer”.
Vamos a um exemplo
concreto: a construção de um se5a. A planta é a seguinte:
Uma análise rápida sobre a planta: ela não possui ailerons
na asa superior, apenas na inferior, o que de início já revela que não será um
aeromodelo escala. Apesar da imagem da cabine, não temos também o ângulo de
inclinação, sendo então necessário medir manualmente. Também faltam dados sobre
o trem de pouso. Sabe-se que o trem de pouso do Se5a possui um pequeno ângulo.
Mas então, se há tanta ausência de dados, por que utilizar
esta planta? Ora, para apresentar dificuldades e como resolvê-las.
Originalmente,
a planta foi desenvolvida para ser feita com blocos de isopor. Nota-se na
planta os gabaritos para corte dos blocos de isopor que constituem a fuselagem
(A, B, C, D, E, F, G). É este o caminho seguido na construção de Antônio
Carlos:
Mas, e se fossemos
fazer o mesmo aeromodelo com a mesma planta, mas agora com depron? Podemos
utilizar os moldes utilizados nas figuras anteriores para construir a fuselagem
como cavernas. Marcamos então uma linha na planta para fazer parte da
fuselagem.
Este é o procedimento
realizado por Celso Santos:
É bom lembrar,
entretanto, que isso exige redimensionar a planta ao cortar as peças. Se
utilizamos depron de 5mm, por exemplo, as cavernas precisam ser reduzidas
lateralmente em 10mm, ou 5mm em cada lado. Na parte superior, será necessário
reduzir 5mm, assim como na parte inferior.
Como já foi observado, a planta original foi feita para cortes em
isopor, não prevê o adicional do depron.
Para fazer a parte
redonda, basta curvar o depron:
É possível, ainda,
alterar alguns elementos. Caso necessário, é possível fazer as cavernas com pequenos
buracos. Isto ajudaria tanto na ventilação quanto diminuiria o peso. As linhas
centralizadas nas cavernas servem para auxiliar no alinhamento da fuselagem:
Poderíamos ainda
adicionar um novo elemento, colocar um pedaço de depron bem no meio das
cavernas, ligando-as e mantendo assim o centro da fuselagem.
Assim, seria mais
fácil centralizar a fuselagem, dado que a peça de depron ligaria todas as peças
em seu centro.
Mas é possível ainda
fazer o processo inverso: construir com blocos de isopor uma planta que
originalmente é destinada para balsa/depron. Para isso, utiliza-se as cavernas
como gabarito para cortar os blocos de isopor. O gabarito da primeira caverna é
colado no inicio do bloco, e a segunda caverna na parte posterior, lembre-se de
manter a mesma distancia entre uma caverna e outra:
É possível, ainda, fazer o perfil do
aeromodelo em depron, dividindo as cavernas ao meio e colando junto ao perfil.
No final do processo, chapeia-se a lateral com depron, semelhante à figura
seguinte:
Como é possível de
perceber, uma planta pode resultar em diferentes formas de construção. Também é
possível seguir a risca o que está na planta, ou não. A planta não limita a
construção do aeromodelo, mas qualquer alteração deve ser feita com cuidado,
isto é, deve-se saber o que se está fazendo e quais as razões das alterações.
Determinadas partes da fuselagem exigem reforços extras, outros nem tanto. A construção de aeromodelos exige habilidade,
técnica e conhecimento. Não é da
primeira fez que você construirá um modelo perfeito, o importante é não desistir.
Como pensa em
construir seu próximo aeromodelo? Deixe sua opinião aqui !!!
Materia muito interessante gostei muito.
ResponderExcluirMaterial bem intrusivo. O prazer de voar começa na construção.
ResponderExcluirmuito legal gostaria de ver mais técnicas de construção ou resolução de leituras de plantas como tbem detalhes na montagem ajuste angulo de motor alinhamento ,cg de asa e cauda nos dois eixos pois tudo influencia no voo . parabens pelo blog! tenho muita vontade de fazer um blog de aeromodelismo,como sou novo no sport fico receoso de iniciar. parabéns !
ResponderExcluirObrigado pelas sugestões Cleber, irei anotá-las e escreverei assim que possível. Começar e manter um blog é muito trabalhoso, mas se quiser posso te ajudar; uma outra opção seria você me ajudar a fazer este, colaborando com alguns artigos. O que acha? Qualquer coisa me mande um e-mail: contato@aeromodelismoeassim.com
ExcluirEste tipo de artigo deveria ser editado mais vezes. O que noto nesse meu regresso ao aeromodelismo depois de 55 afastado é que falta aos praticantes é pouca tecnica de montagem, gostam muito de comprar pronto e na queda, abandonam o aero em condições de serem recuperados.
ResponderExcluirObrigado pela sugestão José, tentaremos produzir mais conteúdo com este foco. Abraços.
ExcluirParabens pelo post,muito bem explicado.
ResponderExcluirE abrindo o leque,dos tipos de construção.
Tenho muito material para disponibilizar,plantas,moldes de adsivos,esquemas de construir paineis com acetato de comprido....
Seu conteúdo seria muito bem vindo aqui. Me chame pelo e-mail que conversamos melhor e vemos o que é possível fazer. contato@aeromodelismoeassim.com
ExcluirMarcelo, tudo bem?
ExcluirMeu nome é Sergio Pereira, tenho 65 anos e estou retornando ao aeromodelismo depous de 20 anos.
Voei U CONTROL, por algum tempo, mas bao o suficiente para ser um bom piloto.
Meu pai e meu tio foram campeoes brasileiros de U CONTROL na decada de 50.
Meu tio e meu pai construiam muitl bem, mas como era pequeno, nao aprendi muito sobre as tecnicas de construção.
O que giatari de saber é:
Temos a linha de tração a partir do eixo do motor certo. Entao, como deverao ser posicionadas a asa e o profundor?
A asa deverá ter alguma inclinação (positva ou negativa ) em relacao a linha de tração?
O que aconteceria se a asa tivesse seu eixo longitudinal coincidente com a li ha de tracao?
Mesma cousa o profundor. O que aconteceria se o profundor fosse posicionado sobre a linha de tracao.
Abraço