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Aeromodelismo para leigos



            Na grande maioria das vezes que vemos alguma reportagem sobre aeromodelismo, somos presenteados com algumas pérolas, aquelas frases que fogem totalmente da realidade. Este artigo tem como objetivo orientar os jornalistas sobre os temas mais comuns, para que assim não escrevam e nem falem absurdos.






            “Aviãozinho de controle remoto”: A não ser que seu objetivo seja ofender, não pronuncie essas palavras, pois para nós, aeromodelistas, isso soa pejorativo. Use: Aviões radio controlados, aeromodelo, avião de controle remoto.

            “São como aviões de verdade”: Aeromodelo é um avião de verdade, caso contrário não voaria, a única diferença é que não são tripulados, e sim rádio controlados.

            “Custam 20 mil reais”: Sim, alguns modelos custam bem mais que isso, mas a não ser que seu objetivo seja impressionar (o que geralmente é) não cite somente isso como referência. Aeromodelos custam de 600 a 100 mil reais, por isso não generalize, pois além da sua reportagem virar motivo de piada, irá desestimular novos praticantes do hobby.

            “Drones”: Esse é um assunto crítico. TODO aeromodelo pode ser um famoso drone, basta para isso basta embarcar uma câmera e um transmissor de vídeo. Isso significa que eles não são tão especiais assim.

            “Drones 2”: Drone é a sigla em inglês para VANT, veículo aéreo não tripulado. Veja pela definição, todo aeromodelo já é um drone, mesmo sem câmera. Aquele objeto voador com hélices para cima se chama multirrotor (tricóptero, quadricóptero, hexacóptero, octacóptero; dependendo da quantidade de motores).

            “Pode ir a vários quilômetros de distância”: Realmente o alcance do sinal é por volta de 1,5Km, porém, a 300m metros o piloto já não enxerga muito bem para qual lado o aeromodelo está indo.

            “O piloto precisa ter licença”: Legalmente qualquer um pode voar um aeromodelo, mesmo sem qualquer treinamento; porém, o risco de machucar outras pessoas e de danificar o equipamento é enorme, por isso é necessário treinar com um instrutor antes. O BRA (licença operacional) nada mais é do que um seguro contra terceiro, que cobre acidentes que estejam dentro do regulamento e ocorram em pistas homologadas pela COBRA (Confederação Brasileira de aeromodelismo).

            “Piloto profissional”: Não conheço sequer um piloto profissional no Brasil, os maiores campeões do país se mantêm por meios próprios, ou no máximo recebem uma ajuda de custo de grandes marcas. Porém, vários deles possuem lojas, mas isso também não os torna piloto profissional, pois não sobrevivem da pilotagem, e sim do comércio. Em nível mundial existe essa profissão, mas são poucos.

            “Podem voar ir a 1000m do solo”: O que foi dito anteriormente também é válido, pode subir até lá, mas não da para ver nada além de um pontinho. O difícil mesmo é voar rente ao solo, pois o piloto precisa ser preciso nos comando para não tocar o chão e quebrar o aeromodelo.

            “Brincar de aeromodelo”: Geralmente voa-se o aeromodelo, e não se brinca.

            “Aeromodelos à gasolina”: Nem todos funcionam com este combustível, a maioria funciona com metanol, ou seja, álcool metílico, que é comprado já misturado com outros componentes em lojas do ramo. Para modelos acima de 1,8m de envergadura o combustível é, na grande maioria das vezes, gasolina de aviação misturada com óleo para motores 2 tempos. Jatos (como os reais) utilizam querosene de aviação mesmo.

            “Aeromodelo elétrico são como brinquedos”: A única diferença deles para os modelos à combustão é o motor. SÓ !!!! Do resto é igual, inclusive o perigo. O tempo de carga é geralmente uma hora, e a bateria dura 10 minutos voando.

            Não toque, bata, ou passe por cima de um aeromodelo, geralmente o aeromodelista morre de ciúmes do seu equipamento, por isso, se quiser manter uma boa relação com eles, fique longe dos aviões. A não ser que ele te dê esta liberdade, te entregando os itens. Imagine o contrário, o aeromodelista pegando sua câmera e seu microfone, você não iria gostar.

            Nunca vá para frente do piloto enquanto ele estiver voando, pois prejudica sua visão e pode causar um acidente.

            Caso tenha dúvida, pergunte, pois algumas atitudes são extremamente inseguras e perigosas.


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            Se ficar em dúvida sobre qualquer coisa, ou não souber o termo correto, entre em contato conosco que responderemos rapidamente: contato@aeromodelismoeassim.com



2 comentários:

  1. Não são pérolas. O texto jornalistico não é um texto técnico. É um texto informativo que usa vocabulário não direcionado. São textos com vocabulário genérico, que deve, obrigatoriamente, ser compreensível a todos: do leigo ao expert. Por isso usam-se termos mais simples. Pense o seguinte: eu, você, técnicos e entendidos no assunto, iremos ler a matéria sobre aeromodelismo, assim como aquele senhor de 90 anos que não teve qualquer estudo e não entende absolutamente nada do assunto. Para experts, "aviãozinho de rádio controle" ou "brincar de aviãozinho" soa pejorativo. Para os leigos, é a única forma de compreender o assunto, gerar interesse e cativar no texto. Como via de regra, textos técnicos demais a leitores leigos, são como loja de ar-condicionado na Sibéria: não servem pra nada.
    Para textos técnicos, há livros e publicações especializadas que se aprofundam mais no tema. Para qualquer jornal ou revista com editorias gerais, o vocabulário será simples, de forma a atingir a compreensão do maior numero de leitores possíveis. Se um jornalista escreve para 10 pessoas e apenas 9 entenderam, o texto dele falhou. Parece absurdo, mas é assim dentro das redações. Se o jornalista escrever algo muito técnico em uma publicação não-especializada no assunto, há desinteresse dos leitores. E em jornalismo, espaço perdido é dinheiro, interesse e informação perdidos. Portanto, o texto deve seguir uma linha tenue de interesse a todos. E não apenas a alguns
    Sobre a palavra drone, é um termo errado realmente. No entanto, vá ao google e digite multirotor e depois digite drone. Veja os resultados de busca. Mais uma vez minha explicação faz sentido. Embora multirrotor seja o termo correto, "Drone" é mais amplo, mais compreensível, mais difundido e mais usado. Como aeromodelista que sou (venho de familia de aeromodelistas), acho errado o uso do termo drone. Principalmente por estar atrelado a uma definição de veículo aereo especificamente militar, utilizado no passado. Como jornalista que também sou (de familia de jornalistas), acho correto o uso do termo drone, pois seu texto será de fácil compreensão para com todos.
    Sobre a licença operacional, em meu clube ninguem decola nada sem BRA. É oficialmente um licença? Não! Serve como licença para alguns clubes neste caso? Sim!
    Sobre os vos a longas distâncias e altitudes, não se esqueça da pratica de FPV, que torna isso totalmente possível.
    Enfim, em resumo, em um Estadão ou em um G1, UOL da vida, em uma matéria sobre aeromodelismo, você nunca verá termos como "servo" e "glow". Primeiro por fazerem parte de uma explicação técnica sobre o funcionamento do aparelho; segundo por serem termos de conhecimento restrito aos praticantes. Em uma citação, esses termos seria facilmente substituidos, respectivamente, por "caixinhas com impulsos elétricos que fazem mover as superficies de controle do avião" e "combustível especial".
    Obviamente há casos e casos. Existem muitos colegas jornalístas por aí que falham na apuração e escrevem asneira. Neste ponto, dou total razão a você. Mas quis expor o "outro lado da moeda" também, apenas para mostrar que o trabalho do jornalista também é tecnico. O que parece simples e pejorativo, tem um objetivo muitas vezes. Neste caso, atingir e envolver no assunto um publico sem qualquer conhecimento no tema.
    Grande abraço!

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  2. Realmente,os jornalistas precisam usar uma linguagem simples para que de modo geral todos entendam.
    Foi bem esclarecedor seu cometário Murillo Ghigonetto.

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