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O balanceamento de hélice



            A vibração é um dos maiores maus que assolam o aeromodelismo, ela destrói tudo: de colagem a parafuso. Certos tipos de motor costumam vibrar mais que outros pela sua própria natureza, como os gasolinas quando comparados aos elétricos. Mas algo que influencia negativamente todo e qualquer tipo de motor é a hélice desbalanceada; e neste artigo você vai aprender como balancear corretamente sua hélice, para garantir uma maior vida útil com menor manutenção de todo o seu aeromodelo.




            O balanceamento de hélice consiste em deixar todas as pás da hélice com o mesmo peso, para que assim não vibre enquanto o motor a rotaciona. Se formos um pouco mais a fundo nos conceitos físicos, o balanceamento seria um procedimento para aproximar tanto quanto possível o centro de massa da hélice de seu eixo imaginário de rotação; mas como isso é mais complexo, vamos tomar como verdade a primeira descrição.

            Este artigo foi escrito com o auxílio do Júlio Meireles, dono da JC Super Prop, uma fabricante de hélice nacional com mais de 20 anos de experiência.

            Antes de iniciar o balanceamento propriamente dito precisamos analisar qual é o tipo de hélice: Madeira ou plástico? Pode parecer uma diferença sutil, mas na prática não é.


            Hélice de plástico: Caso seja nova, basta retirar as rebarbas de fabricação e ir direto ao balanceamento; caso seja usada e com as famosas raspadinhas na ponta, vale a pena deixar todas as pás com o mesmo tamanho e formato de ponta, para isso basta um estilete.

            O balanceamento deste material consiste na retirada de material para reduzir o peso de uma das pás, que pode ser feito de duas maneiras: raspando um pedacinho da ponta da pá; ou lixando a parte detrás da hélice (intradorso), quanto mais perto da ponta for lixado, melhor. Qualquer um destes procedimentos vai alterar a aerodinâmica da hélice, o que pode causar outros problemas, mas é o custo de se balancear.

            Hélice de madeira: Essa hélice já não aceita as “raspadinhas” que a de plástico tolera, principalmente se for maciça, portanto é recomendável trocá-la caso bata no chão com mais força. Seu processo de balanceamento também é diferente, nada de lixar ou raspar a ponta de uma hélice de madeira, pois sem o verniz, logo ela será inútil.

            Seu balanceamento é feito adicionando material, mais especificamente chumbo, na sua base (parte da hélice que encosta no motor). Primeiro faz-se um furo, e vai colocando o quanto de chumbo for necessário, depois que a quantidade for definida, bate-se com um martelo e punção para amassar o chumbo e fazer com que ele fique preso no furo. Para garantir a fixação, pode-se colocar cola epóxi para completar o furo.


            É altamente recomendado utilizar um balanceador magnético (quando a hélice for pequena), aquele em que a hélice fica apoiada em imãs, minimizando o atrito e os erros. Caso não tenha, um balanceador com rolamentos também pode ser utilizado, apesar de um pouco menos preciso. Para hélices grandes, a única opção é o balanceador com rolamentos, mas pelo seu próprio tamanho e peso os rolamentos influenciam pouco no resultado final. Algo que nunca deve ser feito é apoiar a hélice em uma chave de fenda ou outro eixo, isso não funciona, o atrito e a imprecisão são tão grandes, que seria melhor você nem balancear.

            Depois de tudo isso explicado, vamos à parte mais importante: o balanceamento em si.

            Posicione o balanceador em um local perfeitamente nivelado, alguns possuem um nível na sua base, o que facilita este passo. Deixar o balanceador inclinado influencia na qualidade do balanceamento, e pode dar uma falsa impressão de que tudo está bem.

            Coloque a hélice no cubo do balanceador e confira se ela foi fixada corretamente, com as duas pontas passando pelo mesmo ponto quando girada. Se não estiver assim, retire e fixe novamente.




            Muitos pensam que o correto é balancear a hélice com ela na horizontal, mas isso está errado, segundo o Júlio, deve-se colocá-la na posição “2 horas do relógio”, ou seja, a 30º com o plano horizontal. A pá que descer está mais pesada, e consequentemente, a que subir está mais leve. Sabendo disso, basta fazer a compensação já descrita, lembrando sempre se sua hélice é de madeira ou de plástico.

            Preste muita atenção quando soltar a hélice, pois um pequeno esbarrão pode ocasionar a rotação da hélice ao contrário do que seria o natural, atrapalhando o serviço. Por isso é recomendado repetir o procedimento mais de uma vez antes de realmente adicionar chumbo ou lixar uma das pás.

            Sua hélice não ficará perfeita na primeira tentativa, ela continuará pendendo para algum lado. Faça isso algumas vezes até que ela fique perfeitamente parada sem pender para nenhum dos lados.

            Você acha que já acabou e sua hélice está perfeita? Ainda não, até agora fizemos o balanceamento horizontal da hélice, ainda falta o vertical. Tudo é semelhante, exceto pela maneira de posicionar a hélice e o local de adicional ou retirar material.

            Como o próprio nome já sugere, agora a hélice deve ser posicionada na vertical, e sua pá deve ser dividida mentalmente na metade, pois você estará balanceando o bordo de ataque com o bordo de fuga da mesma pá.

            O lado da pá que descer está mais pesado, e isso deve ser compensado, lembrando sempre que a pá analisada é a de cima; então devemos fazer isso duas vezes: uma para cada pá.

            Com o balanceamento vertical concluído, devemos refazer o balanceamento horizontal, que pode apresentar alguma pequena diferença.


            Depois de tudo isso feito - que apesar de parecer longo e complicado, com a prática acaba se tornando fácil – você pode dizer que sua hélice está perfeitamente balanceada e pronta para puxar (ou empuxar) seu aeromodelo para o céu.



            Ainda tem alguma dúvida sobre balanceamento? Este artigo foi útil para você? Deixe seu comentário aqui embaixo!



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