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Setup: transformando água em vinho



            Um setup bem feito pode mudar a atitude de um aeromodelo da água para o vinho, acredite. Por isso um novo aeromodelo fica pronto para voo somente após a programação do rádio e ajustes finos, e não logo após a montagem. Setup são estes pequenos [ou não] ajustes que se faz para que um avião voe conforme o esperado, e eles podem ser feitos na programação ou, em alguns casos, diretamente no modelo.




            A ideia para este tema surgiu após uma noite voando simulador com um amigo, que pediu para não ser identificado rs. Após algumas tentativas, ele não conseguiu pousar um Christen Eagle; pedi o rádio para ele e disse que ia alterar alguns parâmetros (dual rate e exponencial). Logo em seguida ele conseguiu pousar o avião. Mudamos o modelo para um Extra, e novamente ele estava com dificuldade para fazer um “torque”; fui nas configurações e atrasei levemente o CG do Extra, resultado: conseguiu, mesmo que com algumas dificuldades, realizar a manobra.

            Depois disso ele soltou a frase que marcou a noite: “Nossa, não sabia que um setup mudava tanto assim o aeromodelo”. E aqui estou, falando sobre setup...

            Gostaria de deixar bem claro que este tema não é tão simples quanto parece, muito pelo contrário, pilotos de alto nível passam meses realizando o correto ajuste de seus modelos para competições (como IMAC e F3A), e o resultado no final é recompensador. Claro que para voos de final de semana não é necessário tanto tempo nem criticidade, mas ainda sim é preciso de um rádio computadorizado.


            Como o foco é o setup em si, não irei explicar o que significa cada termo, por isso recomendo a leitura e compreensão dos artigos:

            - Trimagem;
            - Ajuste de CG;
            - Motor torto, voo reto;
            - Asa empenada, voo torto;
            - Funcionamento da linkagem;
            - Para voar basta CG e potência.


            Um setup bem feito envolve tudo do avião, todos aqueles ajustes, ou micro ajustes. Vou listá-los de uma maneira que possam ser executado linearmente, porém, alguns ajustes influenciam nos anteriores; por isso é altamente recomendado refazê-los quando perceber grande interferência.







            Primeiro passo: Tudo começa na montagem, regulando corretamente o centro dos comandos pela linkagem (mecanicamente), e quando necessário pelo sub-trim do rádio

          Segundo passo: Programação inicial do dual-rate e exponencial, digo inicial pois após voar mais ajustes são pedidos.

            Terceiro passo: Ajuste inicial de CG, deve-se preferencialmente deixar o avião com um leve peso de nariz, para facilitar o pouso do voo de estréia. Posteriormente o CG será reajustado.

        Terceiro passo: Voe, pois os próximos passos dependerão da atitude do modelo quando em voo, porém os ajustes devem ser feitos com o aeromodelo no chão, mesmo aqueles de programação.

            Quarto passo: Tudo começa com uma boa trimagem – o único ajuste que deve ser feito em voo. Este passo deverá ser repetido a cada ajuste, pois é influenciado por praticamente todos os passos.





          Quinto passo: Verificar as tendências do modelo com as diversas potências aplicadas (sem motor, meio motor, full motor...), caso esteja com tendências, fazer as devidas correções.

          Sexto passo: Verificar as tendências com o trem de pouso e flap baixados, caso o avião tenha, e corrigi-las via programação do rádio.

            Sétimo passo: Ajuste intermediário de dual-rate. Observe o quanto de comando (em voo) o avião tem quando o stick está totalmente acionado, caso esteja com mais ou com menos do que você deseja, altere o dual-rate. Você pode e deve programar mais de uma “taxa de comando”, para isto selecione uma chave de sua preferência. Teste o avião em suas variadas situações e com suas corretas posições de chave (pouso, manobras 3D, voo Sport...). Este critério é altamente pessoal.

           Oitavo passo: Ajuste intermediário de exponencial. Observe quão sensível é o centro do stick, caso queira menor ou maior sensibilidade, altere corretamente o exponencial.

            Observe bem a diferença entre dual-rate e exponencial, em um ajustamos o quanto de comando todo o stick tem, e no outro o quão sensível seu centro é. Apesar de ambos se influenciem, são coisas diferentes.

            Nono passo: Ajuste de CG, embora seu modelo já esteja voando razoavelmente bem, pode não ser o melhor que ele tenha a oferecer. Para ver se está ajustado de maneira satisfatória, teste-o em: pousos, manobras 3D, voos de dorso, acrobacias diversas... Leia nossa matéria sobre ajuste de CG para maiores informações.

            Décimo passo: Faça as diversas mixagens que julgar necessárias, a principal delas para modelos acrobáticos é a mixagem de faca, ou seja, quando o comando de leme for dado, o modelo não deve girar ao redor de nenhum outro eixo (profundor e aileron), e para isso deve-se programar um P-mix Leme>profundor, e outro leme>aileron, se necessário. Isso também ajuda muito na manobra faca, pois o modelo para de fugir e voa em linha reta. Caso prefira pode deixar seu acionamento a cargo de uma chave específica, e não ligada o tempo todo.

            Passo 11º: Ajuste final de dual-rate e exponencial, tudo o que foi falado nos passos 7º e 8º continuam válidos aqui, porém agora devem ser feito com maior critério, pois é o ajuste final [ou quase isso].


            Apesar de resumido em onze passos, esses ajustes devem ser repetidos até o satisfatório voo, claro que dentro do envelope de cada avião. Pode parecer bobagem ter todo este trabalho, mas te afirmo que não é, pois o voo fica completamente diferente depois de ajustado corretamente. Claro que isso depende diretamente da habilidade do piloto e de sua experiência em voo e em programação, por isso alguns cobram tão caro para fazer este tipo de ajuste.

          Para modelos simples isso é possível de ser feito em uma tarde, mas já para modelos complexos, demanda-se muito mais, até pelo certo grau de intimidade que é pedida entre piloto e avião.

           Um setup bem feito reduz em muito a carga de trabalho do piloto durante o voo, e isto vale até para uma simples trimagem correta.


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           Caso tenha qualquer dúvida para fazer seu correto setup, deixe seu comentário aqui embaixo. E depois de ajustado, não se esqueça de dizer se seu voo melhorou.



9 comentários:

  1. Excelente. Muitas vezes vejo em pista pessoas com rádios fantásticos que não usa 1% da sua capacidade! Um programação bem feita alem de te proporcionar um voo mais prazeroso, muitas vezes evita uma quebra de um avião em uma situação de emergência. Meus Parabéns pela Materia!

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  2. Show de materia !!! Alguem saberia me dizer alguem que faça esses setup's tenho um radio JR X9503 e um extra 260 27% H9 e um extra 330l 35% CAmodel. Obrigado

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    1. Obrigado Rafael. Conheço apenas o Fabio Borges que faz algo muito fino e preciso. Procure por pilotos de ponta, que voem principalmente precisão (IMAC ou F3A), pois eles sabem o que e como fazer.

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  3. olá gente,
    tenho um YAk 55m, na caixa 27%, tenho que comprar servos para ele
    quem me indica os melhores, confiaveis

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    1. Eu utilizaria servos Hitec 5645, caso você ache muito caro, talvez os Hitec 654 deem conta.

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    2. olá marcelo,
      com relação aos servos na tower hobbies tem o Hitec HS-645MG High-Torque 2BB Metal Gear Servo, e não 654 como voce mencionou,sera que voce se equivocou?
      custa 30,00 usd unidade

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    3. Isso mesmo, são os 645, escrevi errado; porém os mais recomendados continuam sendo os 5645.

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  4. Uma pergunta....em vôo de faca....quando o aero tende a picar (sair para dentro), geralmente é peso de bico ou cauda?

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    1. Nenhum, pode ser incidência de profundor ou apenas uma característica do aero que pode ser corrigida com uma mixagem.

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