A
grande maioria dos aeromodelistas pensa que servo é tudo igual, ou que no
máximo muda o tamanho e a força. Se você pensa assim, sinto lhe informar, mas
você está totalmente errado, para certos usos, você precisa observar várias
outras características antes de comprar, caso contrário, ou você terá que
gastar novamente, ou seu aeromodelo terá uma grande chance de cair.
Para
elétricos simples e pequenos, o famoso servo 9g supre tranquilamente a
necessidade da maioria dos aeromodelos. Para os glows até motor .91, um bom
servo standard é o suficiente. Mas, e para outros usos, será que um servo 9g,
ou um standard são o suficiente? Acho que não.
Em
modelos à gasolina de qualquer tamanho, por segurança, sempre se coloca servos com
engrenagem de metal devido à sua grande vibração, por exemplo.
Para
modelos acrobáticos, principalmente 3D, o melhor é colocar servos rápidos,
assim o comando se movimentará rapidamente para o ponto comandado pelo piloto.
Estas
são as características do servo e alguns valores para referência:
Força
(torque):
Um dos principais parâmetros a ser observado, geralmente é ela que vem nas
especificações de plantas e kits ARFs. Sua unidade, para
nós, é o kg.cm; que representa a “força” em kg que o servo tem quando ligado a
um braço (roseta) de um centímetro, caso você coloque um braço de dois
centímetros, a força será a metade do especificado. E se colocar um braço de
meio centímetro, a força será o dobro da especificada.
O
torque de um servo 9g comum é 1,5kg.cm, de um servo standard é 3,5kg.cm (até
1,8m de envergadura), para modelos acrobáticos de dois metros de envergadura, o
recomendado é 8kg.cm. O servo mais forte que conheço tem um torque por volta de
40kg.cm, e é utilizado em jatos e aeromodelos giants (33%, 50%, isto é,
aeromodelos com mais de 2,5m de asa)
Velocidade: Apesar de muitos
pilotos não se importarem com este dado, a velocidade é muito importante quando
uma rápida resposta é necessária, como em aeromodelos 3D. Sua unidade é
segundo/60º, ou seja, é o tempo que o servo demora para rotacionar 60º. A
maioria dos servos têm uma velocidade próxima de .22s/60º, para acrobacia e
jatos rápidos, o ideal seria abaixo de .15s/60º - pode não parecer, mas usar um
rádio moderno e com transmissão rápida, com um bom receptor e bons servos
deixam o avião mais na mão do piloto, pela rapidez do comando. Os modelos de
servos com maior velocidade são utilizados na cauda de helicópteros, e podem
chegar à .05s/60º, o que é muito rápido.
Tipo de
engrenagem:
A grande maioria dos servos possuem engrenagens de nylon, seu maior problema é
quebrar com grandes impactos, como uma queda, e com grandes vibrações (modelos
à gasolina). Isso não é necessariamente um problema, visto que inúmeros
aeromodelos voam com este tipo. A engrenagem de metal (metal gear) é a mais
famosa por sua resistência, durabilidade, e resistência a quedas, é empregada
na maioria dos servos fortes (high torque). As de carbonite ficam estre as de
nylon e metal, são boas, mas caso seja possível, compre de metal. Na outra
ponta, sendo as melhores e mais resistentes engrenagens, usadas somente em
servos de altíssimo torque, está o titânio. Não preciso dizer que é o material
mais resistente e confiável para esta aplicação, porém, você não vai escolher
essa engrenagem, ela simplesmente virá caso seu servo seja muito forte, sua
oferta é bem reduzida.
Tensão: A grande maioria dos
servos funcionam de 5 à 6V, ou seja, com baterias de níquel. Mas ultimamente,
cada vez mais os fabricantes estão lançando modelos HV (high voltage, alta
tensão), que podem ser ligados diretamente (sem regulador) a baterias de LIPO
2S. Verifique a compatibilidade de toda a eletrônica antes de conectá-la, pois
você pode queimar algum componente.
Tamanho: Você precisa tomar
cuidado com isso para não comprar um servo maior [ou menor] que a abertura
destinada a ele, para isso, verifique se as três dimensões são compatíveis com
o espaço do modelo. Para aplicações específicas, como asa muito fina, existem
servos de perfil baixo, que são bem mais finos que os comuns. Cuidado ao
comprar servos de alto toque com preço baixo, pois eles podem ser os chamados
“1/4 de escala”, ou seja, bem maior que os standards, por isso o preço menor.
Padrão
de roseta:
Isso deve ser observado no momento da compra da roseta (braço do servo), pois
alguns fabricantes possuem padrões (encaixes) diferentes, ou seja, suas rosetas
não são intercambiáveis. O padrão também pode mudar para os diversos tamanhos:
6g, 9g, 16g, standard, 1/4 de escala.
Analógico ou digital: Na prática não há uma diferença tão
grande (perceptível em voo) entre eles, porém, o digital é mais preciso (não
varia muito o ponto neutro). A diferença entre ambos está no método de controle
(hardware e software), ou seja, um processa o sinal de maneira digital, e outro
de maneira analógica; a verdade é que ambos têm prós e contras.
Brushless
ou brushed:
Para quem não conhece, todo servo possui um motor interno que realiza a rotação
das engrenagens. E como é um motor elétrico, possui as mesmas características
de um motor para aeromodelo. A esmagadora maioria dos servos possui motor
brushed, apesar de não ser escrito na embalagem. Alguns servos de melhor
qualidade já possuem motor brushless (sem escova), o que teoricamente
proporciona uma vida útil mais longa. Sinceramente, nunca vi um servo parar por
problema no seu motor, por isso considero esta característica indiferente, mas
saiba que existe.
Tipo de
sinal:
Depois de muitos anos sem inovação neste quesito, algumas grandes marcas
lançaram a tecnologia serial para comunicação de servos, como o USB utilizado
em computadores. Para funcionar, é necessário programar individualmente cada
servo através de componentes destinados a este fim; após isto, ligam-se todos
os servos no mesmo fio, com “vários Ys” e cada um responde somente ao canal
programado. Geralmente essa característica vem escrita em sua descrição (Sbus
para Futaba, e Xbus para JR), por isso acredito que você não o comprará por
engano, além de serem mais caros que servos comuns.
Ângulo
máximo:
Para todos os servos o ângulo máximo fica por volta de 90º, exceto para um
servo especial: o servo para trem de pouso retrátil, pois este possui um ângulo
de 180º e uma característica que o distingue de todos os outros: não tem pontos
intermediários, ou seja, ou fica todo para um lado, ou todo para o outro.
Cuidado, sua aplicação é bem específica, não o compre por engano.
Sabendo
tudo isso, você já tem condições de analisar e conhecer mais a fundo um servo.
Ficou com mais alguma dúvida? Deixe seu comentário aqui embaixo.
Bom conteúdo, parabéns!
ResponderExcluirBom conteúdo, parabéns!
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ResponderExcluirBoa noite.
Gostaria de levantar uma questão, porque não vi comentário sobre isso em lugar algum.
Se eu tenho um servo de 10kg.cm e eu uso um braço de 2cm, a força no horn
da superfície de comando será 5kg. Certo?
Mas o tamanho do horn também influenciará a força resultante na superfície de comando, não?
Resumindo: De um servo de 10kg será enviada uma força de 5kg ao horn. Mas qual será a força resultante realmente aplicada na superfície? Pois o tamanho do horn influenciará a força resultante, não? Qual seria esta relação?
Boa tarde Marcelo,
ResponderExcluirSobre consumo dos servos, não estou conseguindo encontrar nada a respeito. Não estou encontrando essa informação nem nos datasheets dos servos. Você tem alguma dica?