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A arte do voo escala



Se você pensa que para voar como uma aeronave tripulada basta comprar um aeromodelo “parecido” e ir para a pista, está profundamente enganado. Imitar um avião grande com um aeromodelo vai muito além da aparência. Está relacionado com a sutileza e precisão dos dedos.

Primeiro vamos definir o que é um aeromodelo escala: a réplica de uma aeronave “real”, também conhecida no meio como protótipo. E aqui não está em discussão o nível de detalhamento, pois o conceito de ser igual ou não, é pessoal. Expliquei melhor o tema nestes outros artigos:



Não tem jeito: falou de escala, consequentemente falou de história, de conhecimento e de aviação. Não tem como desmembrar estes tópicos.




Por isso é impossível voar escala sem conhecer o comportamento em voo do protótipo, e para isso temos vasto material disponível na internet hoje: sites, artigos, vídeos. Como o Wagner disse neste outro artigo: escala é pesquisa.

Você já viu pessoalmente alguma aeronave decolando? Será que ela descola da pista em poucos metros? Acho que não! Vocês ficariam horrorizados ao ver um Piper J3 decolando, parece que ele nunca sairá do chão com tão pouca potência.

Aí está o ponto de conhecer o protótipo: tente imitá-lo, feito uma criança aprendendo com os pais. Deixe seu aeromodelo correr na pista, cabre lentamente, com baixa razão de subida ou descida. Pouquíssimos aviões conseguem subir a “meros” 30° perto de sua carga limite. Vazio não conta.

Falando em potência, aeromodelos tem uma carga alar e relação peso/potência mínimos quando comparados com aeronaves. Não acredita? Veja o que o pessoal do Aerodesign consegue fazer decolar com um pequeno motor glow .61. Na maioria dos casos, a maior exigência de potência ocorre na decolagem, daí para frente meio stick já consegue manter um voo agradável. Mas claro que isso deve ser analisado caso-a-caso, aeronaves como caças desenvolvem velocidades maiores mesmo.

Outra velocidade importante é a de rolagem, mais corretamente chamada de roll rate, ou taxa de rolagem. Já imaginou como seria desconfortável viajar em um Boeing caso o piloto ficasse a todo momento comandando o aileron? O mesmo vale para os outros: os movimentos são suaves e lentos. E não rápidos e bruscos.




Comando “pé e mão” é algo que falta para muitos pilotos, pois estão acostumados a utilizar apenas o aileron e profundor para realizar curva. Leme é extremamente importante, arrisco dizer que é até mesmo mais importante que o aileron.


“O aeromodelismo começa após o leme! ”


Uma curva utilizando os três comandos básicos é infinitamente mais bonita e suave; inclusive alguns aeromodelos - principalmente aqueles com a cauda mais longa e grande área lateral – quase entram em faca para fazer uma curva sem leme. Nada mais “anti-escala” do que isso.

De nada adianta tudo isso se você realizar curvas fechadas, com pequeno raio. ABRA A CURVA! Vai longe? Não importa, aviões não voam em caixa restrita, eles possuem o céu inteiro para completar a curva.

Algo que eu mesmo sofri muito para entender é a diferença entre a capacidade acrobática e restrições de um aeromodelo comparado ao protótipo. Um roll a baixa altura não é nada no mundo do aeromodelismo, já no mundo da aviação é executado por pouquíssimos pilotos.

Não compreende o que quero dizer? Pense que você está dentro da aeronave, com metade da potência de um aeromodelo equivalente, um terço da manobrabilidade e que o chão é bem duro. Imaginou? Agora você começou a entender o que quero dizer: Cruzar os comandos a partir da segurança do solo é fácil, difícil é sentir todas aquelas forças enquanto a aeronave gira.




Quando estamos dentro tudo muda, mas é tudo mesmo. Isso que devemos ter em mente ao voarmos escala! E não pensarmos que é apenas um aeromodelo.

Podemos resumir este artigo com três palavras: envelope de voo. Um aeromodelo escala somente faz o que está previsto no envelope do protótipo.


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Você tinha noção de quanto detalhes possuía um voo escala? Gostou? Ainda tem alguma dúvida? Deixe seu comentário aqui embaixo!!!



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